Todos nós temos alguns medos, receios, assuntos dos quais fugimos. Desde que perdi minha mãe, vítima de câncer, sempre evitei este assunto. Quer sejam em reportagens, livros, filmes ou conversas, me fazia sentir mal. Mesmo tendo um lindo exemplo de força e coragem de minha mãe, que após dois anos de tratamento equivocado como glândulas sebáceas, trocou de médico e infelizmente descobriu, já tarde, que era um câncer infiltrante. Voltou ao médico que fizera o diagnostico errado, mostrou os exames e disse: “Eu poderia processá-lo, mas talvez nem viva até o fim do processo. Quero apenas que carregue em sua memória que por um erro seu uma pessoa morrerá, e que isso sirva para você ser mais esforçado nos próximos diagnósticos e salvar vidas”. Vi o médico chorando e ela saiu da sala. Só pedia a Deus para não sofrer, e assim aconteceu. Em um domingo de sol toda a família esteve em casa fazendo uma visita, até aqueles parentes que só vemos em casamentos e funerais. Na segunda-feira ela amanheceu confusa e a levei ao hospital, faleceu naquela madrugada, amarrada a cama devido as dores. Decidi que era hora de enfrentar isso e a forma escolhida foi ler a biografia de nosso ex-vice presidente, José Alencar da Silva. Um homem que desde os 14 anos saiu de casa, em busca dos seus sonhos, aos 18 abria seu primeiro negócio e alguns poucos anos depois abriu a Coteminas, uma das maiores empresas de tecelagem do mundo. Mas - tinha que haver um MAS - sofreu muito com esta doença, enfrentou 19 cirurgias, algumas até experimentais e de altíssimo risco, mas se existisse 1% de chance de dar certo ele tentaria, não poderia desistir, tinha que lutar enquanto houvesse esperança. Certa vez declarou: "Eu não quero que Deus me dê nem um dia a mais de que eu não possa me orgulhar." E acrescento, "E que eu não possa fazer Deus sentir orgulho por ter me dado".
Parece que quando decidi enfrentar este trauma, a vida resolveu me testar. Meu pai me avisou que meu tio descobriu um câncer, no sábado vendo Extreme Makeover: Home Edition - programa que reconstrói residências destruindo as anteriores – uma família que adotava crianças com deficiências, quer físicas ou mentais, e que precisava de uma casa nova, tinha o pai doente e fora internado durante a semana da gravação. Três dias após a entrega da casa, faleceu. A revista Veja São Paulo desta semana trouxe uma reportagem especial sobre esta doença e como a evolução tecnológica está ajudando no diagnostico antecipado, aumentando as chances de cura - http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2215/de-volta-vida.
Foi difícil, mas hoje posso ver que em vez de fugir, é preciso enfrentar, e descobrir uma maneira de ajudar aos que passam por isso, e assim, me sentir melhor.
Muitas vezes temos problemas em nossas vidas bem menores e menos graves que estes, e simplesmente fugimos, deixamos debaixo do tapete, torcendo para que ninguém descubra, esperando que o tempo passe e eles por mágica desapareçam de lá. Outras vezes pegamos estes pequenos problemas e os alimentamos com raiva, ódio, desejo de vingança ou outros sentimentos ruins e quando conseguirmos perceber se tornaram um grande tumor, que foram nos corroendo, trazendo amargura e tristeza a nossa vida.
Não deixe de enfrentar os problemas, principalmente os pequenos. São as pequenas vitórias do dia-a-dia que nos dão força e experiência para as grandes batalhas que possamos encontrar pela frente. Reaja, vá à luta e conquiste suas vitórias, eu espero estar conquistando as minhas.
“Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!”- Mario Quintana
“Não tropeçamos nas grandes montanhas, mas nas pequenas pedras” - Augusto Cury
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